segunda-feira, 3 de março de 2014

Joaquim Barbosa: genial ou genioso?

Ambos. E de forma superlativa.

São geniais sua biografia (estudou e trabalhou muito, chegou ao posto de ministro Supremo Tribunal Federal), seu exemplo (começou bem de baixo, e alcançou a corte máxima em um país em que negros lamentavelmente não vão longe - exceção apenas a atletas e artistas), sua produção acadêmica (mestre e doutor por universidade francesa, professor visitante em universidades americanas), seu gabarito profissional (ex-oficial da chancelaria e procurador da república), sua coragem, sua independência (nomeado por Lula, foi relator do julgamento do mensalão petista, implacável com os contraventores). Basta dar uma passada d'olhos por sua página no wikipedia para extasiar-se.

Mas é bastante genioso, impaciente, arrogante, briguento, desrespeitoso, afrontador. Brigou publicamente com todos os colegas com quem divergiu de algo, ou às vezes o bate-boca saiu de graça mesmo. Se discorda do voto de um colega, insinua desonestidade. Ofende inapelavelmente, mas nunca se retrata com seus pares, senhores e senhoras do direito, tão eminentes e craques de bola quanto ele.

Veja lá abaixo uma série de links que leva a algumas dessas encrencas.

Não bastasse isso, pesam sobre ele as manchas de já ter agredido a esposa e de ter usado o apartamento funcional como endereço para empresa privada que abriu.

O cara virou celebridade, popularíssimo, movido sobretudo pela ultra-raiva que ele e boa parte povo teve do mensalão petista. Parece que só enxergam a genialidade dele. O gênio intransigente passa batido.

Especula-se que ele deseja candidatar-se à presidência da república (ou seus admiradores desejam, o que é mais provável).

Saber lidar com os outros com respeito e moderação é função primordial de um governante, ainda mais de um presidente da república. Desde a redemocratização temos Sarney que não conta (péssimo...), Collor que bateu boca com meio mundo e depois dançou por não ter o mínimo tato no trato com sua base aliada (caso contrário não precisaria ter renunciado para evitar o impeachment), e no demais, FHC, Lula e Dilma foram negociadores e agregadores estrategistas.

Já pensou Joaquim Barbosa mandando o PMDB parar de encher o saco? Ou bufando em entrevistas por não gostar das perguntas? Ou ainda jogando na cara as misérias de chefes de estado (como se ele não tivesse as dele...).

O apóstolo Paulo encerra a lista de virtudes de quem espelha o Espírito de Deus com o 'domínio próprio' (carta aos Gálatas, 5:22-23). Sem domínio próprio a lista estaria incompleta. Sem domínio próprio a genialidade de Joaquim Barbosa é pura geniosidade.

Veja links para as brigas de Barbosa:

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