terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Um poder sem-vergonha, sem qualquer vergonha.

Quando se diz que uma pessoa é sem-vergonha significa que ela é safadinha e cara de pau ao mesmo tempo.

Quando se diz que uma pessoa é sem vergonha, sem hifen, significa que ela é desavergonhada, despudorada, corajosa para o mal, arrogante.

Pode-se dizer portanto que o poder judiciário no Brasil é em boa parte sem-vergonha, e sem vergonha também!

Senão vejamos três exemplos emblemáticos e super recentes:

A) O ministro xerifão fanfarrão licenciado da justiça, e ultra convenientemente indicado ao STF pelo espertalhão presidente bem casado Michel Temer, Alexandre Moraes, foi passear de iate com senadores dessa republiqueta das bananas, senadores estes que vão sabatina-lo para decidir se o aceitam ou não ao STF.

Ou seja, Alexandre cabeça de ovo foi garantir sua vaguinha ensaiando perguntas e respostas com seus futuros inquisidores (a sabatina é semana que vem), e por outro lado os senadores da CCJ, em boa parte implicados/citados na Lava-Jato (incluindo o playboy-mor agressivo aviário Aécio Neves) garantem o compromisso do careca, da mais pura benevolência e gratidão.

Legal, né? Ensaiar sabatina! Já pensou você e eu com vestibulares, concursos e entrevistas de emprego tudo manjado e ensaiado antes?

Que país é este, minha gente? Bem, para piorar, imagina essa gente toda de chinelão, bermuda, óculos escuro, perfumes fortes, bebidas, e mulheres barangas e bonitas à disposição, tratando dos interesses de 200 milhões de corpos! Êba! Estamos protegidos pelos doutos lindões, certeza!

B) No paupérrimo estado de Sergipe, quase 2 mil juízes e desembargadores ganharam em média mais de R$50 mil por mês em 2016. Alguns, R$200, R$300 mil. Tudo muitíssimo bem amparado legalmente em licenças-prémio, auxílios, verbas, e outros eufemismos para um ato chamado simplesmente 'sacanagem'. E ficam quietinhos desfrutando, torcendo para jornalistas abnegados não publicizarem a parada. Mas os jornalistas honestos e corajosos deram com a boca no trombone.

Se tais magistrados ricaços tivessem vergonha devolveriam a bufunfa, iriam à imprensa pedir perdão, mas preferem ficar em suas mansões comendo seu filé minhom, enquanto nós comemos acém para que sobre dinheiro para os impostos que sustentam a festança sacana. 

C) O ministro do STF mais peru e parcial da história, Gilmar Mendes, foi criticado pela jornalista e humorista Monica Iozi, por ter contemporizado e aliviado imensamente a barra de ninguém menos que o giga-estuprador médico-monstro Roger Abdelmassih.

Ela tão simplesmente havia postado em rede social a foto de sua santidade Gilmar com a frase "não sei mais o que esperar da justiça brasileira". Mas hoje nós sabemos, amiga Monica. Para proteger os bonitões, a justiça é rápida e injusta.

Pois bem, em poucos meses a moça foi condenada a pagar R$30 mil à sua excelência, majestade, santidade, Gilmar. Para cuidar dos interesses de terráqueos, de humanos, cinco anos seriam fichinha. Mas para arrancar uma bela grana de comentaristas em favor dos próprios interessados, a justiça é rapidíssima. 

Isso para falar apenas de três casos que estão no topo absoluto da bagaça! E são super recentes!

Que vergonha, que falta de vergonha, que gentalha sem vergonha, que país de sem-vergonhas!