quarta-feira, 18 de março de 2015

De um lado, "pá nela"! Do mesmo lado, viúvas de Aécio...

Por comoção via Facebook, gaiatos arregimentam milhões para bater panela, buzinar e mesmo soltar fogos de artifício, certas vezes que Dilma e seus asseclas se pronunciam na TV.

Creio que a raiva que fumegava dos olhos de Aécio durante a campanha casou com o preconceito e o machismo da sociedade, e realmente potencialmente 50 milhões de pessoas que votaram no playboyzão estão em polvorosa.

Soma-se a isso os vacilos de comunicação da presidente(a), sua incrível falta de charme, carisma e paciência, e o fato dela ter sido presidente do conselho de administração da Petrobrás, e está aí, a mulher virou para milhões o cão chupando manga.

Sobre ela ter sido do CA da Petrobrás: eram também membros do conselho Fábio Barbosa (ninguém menos que o presidente da editora Abril, dona da revista Veja, arqui-rival e maledicente de Dilma, Lula, PT, etc.) e o insuspeitíssimo Jorge Gerdau (decano empresário ultra-bem-sucedido).

Se Dilma sabia das falcatruas dos diretores como o público embravecido, Veja, e outros bichos mais acreditam, então como ela "escondeu" a presepada de Barbosa e Gerdau?

O que me espanta é que dentro dos que divulgam tais teses, haja gente esclarecida e bem intencionada.

Mas tenho uma hipótese, um achismo de dois fatores para panelaço e tamanha comoção.

Além dos moles que ela dá, do péssimo assessoramento que tem, da incrível falta de charme, carisma e paciência de Dilma, diagnostico: machismo e sobras de campanha de Aécio (sobras de ódio e agressividade).

Machismo e preconceito porque as pessoas pegam mais pesado com quem parece frágil. Lula era presidente na época do Mensalão. FHC perusadiu o congresso a alterar a Constituição só para ele poder ser reeleito sem previsão legal. Além disso, o douto adorado dos bonitões pilotou uma desvalorização cambial subsequente a uma valorização artificial que levou pessoas físicas e jurídicas à bancarrota.

Nunca houve manifestações organizadas detonando ambos.
  
ainda acho que há uma carga inconsciente de sobras de raiva e ódio de Aécio. Tem muuuita gente que gosta de seu estilo. Ele chamou ninguém menos que a Presidente da República de leviana na cara dela, com olhos de fogo. Levantou o dedo contra a então candidata Luciana Genro (em quem votei) e foi devidamente repreendido pela agredida. 

Mas tem muita, mas muita gente que topa esse perfil. Ele ainda bateu em acompanhante do hotel mega chique paulistano Fasano, não quis enquanto Senador da República e pré-candidato a Presidente assoprar no bafômetro ao ser parado em blitze da Lei Seca, construiu como governador de MG aeroporto em propriedade da família mesmo havendo outro aeroporto a apenas 14km do local, processou  impiedosamente dezenas de twitteiros que o criticavam, e por aí vai...

Só que a turma em catarse o perdoa, o exime de culpas, adora o playboy briguento. Para piorar a situação, o cara é maquiavelicamente charmoso, neto de estadista de primeira grandeza, garanhão, mora no Leblon embora se diga atuante em MG, enfim, o garotão deita e rola.

Enquanto Dilma e equipe fizerem m. atrás de m., enquanto equiparem o estado para acomodar companheiros e o PMDB trairão, enquanto o preconceito e o machismo seguirem imperando nos grandes centros, enquanto o apelo de Aécio estiver em alta entre bobalhões e gente legal também, se segura, tudo é possível, inclusive adeptos da ilegalidade falando em impeachment e intervenção militar.

terça-feira, 17 de março de 2015

Dilma: impeachment ou intervenção militar?

Isso tem sido falado por parte dos 50 milhões de eleitores contrários à Dilma na sua recente reeleição.

Parte dos demais 53 milhões que votaram em Dilma pode estar em dúvida sobre que papo é esse.

De acordo com 2 ex-ministros aposentados do STF, Ayres Britto e Carlos Velloso, tanto o impeachment como a intervenção militar não se justificam.

Pior, tais atos são citados por esses juristas como ilegais e inconstitucionais.

Por outro lado, parece que dois outros conhecidos juristas entendem que se espremer daqui e dali até que se justificaria abertura de processo de impeachment, sei lá...

São eles: Bernardo Cabral (aquele ex-ministro de Collor que roçava com a então colega Zélia debaixo da mesa de reuniões) e Yves Gandra Martins (notório jurista, irmão do não menos notório maestro João Carlos, e ambos amigões de longa data de Paulo Maluf).

Já sobre intervenção militar, nenhum figurão se apresentou em público defendendo, tamanha aberração e ilegalidade que é.

Saudosistas do golpe militar de 1964 esquecem-se ou não se importam que o regime autoritário torturou 30 mil pessoas, e matou ou sumiu com 1.500.

(Em tempo: os resistentes também não estavam para brincadeira, mas causaram 10% do estrago capital comparado aos seus opositores, assassinaram 150 militares.)

Mas como há maluco para tudo, acha-se até com certa facilidade quem queira que ocorra novo golpe de ocupação militar no poder.

Voltemos aos 2 egressos do STF, e vejamos aqui o que eles falam de ambas as reivindicações, que entusiasticamente tem sido defendidas por gente alienada, mas também por esclarecidos raivosos.

domingo, 8 de março de 2015

A força da internet e suas redes sociais

Só pode ter sido isso.

Estava calor há pouco, domingo, 8 de março de 2015, a janela estava aberta, e um adolescente da janela do edifício da frente pegou uma panela e uma colher e começou a zoada.

Não entendi nada, mas desprezei o moleque mal educado, e como estava de saída desci ao térreo para ir à padaria.

Na portaria vi que já se formava uma sinfonia de colheradas em panelas, gritos histéricos e até fogos de artifício. O solícito porteiro Toninho perguntou "o senhor sabe o que é isso? acho que são jovens de bloco como de Carnaval; ou então alguma mobilização de bobalhões pela internet, ou algo assim".

No caminho para a padaria passei por duas moças bastante bem apanhadas e já acima dos 30, que berravam rumo ao nada "fora Dilma!", me assustando e de certa forma as constrangendo ao me perceberem. Outros gritos e palavrões vinham das janelas. Aí saquei o que ocorreu. A barulheira rolava durante pronunciamento de Dilma na mídia.

E Toninho estava certo. Uma parada dessas só foi possível provavelmente por causa do Facebook. Como não uso, não soube disso.

Mas de qualquer forma sei que para dia 15 próximo estão previstas mobilizações localizadas, também no estilo "fora Dilma".

Tenho sentido violência no ar, aqui em meu bairro chique desta metrópole, capital do estado de São Paulo, o mais importante, e talvez mais preconceituoso e conservador do Brasil.

Lembro no dia do 2º turno que almoçava em restaurante de bacana com um adesivo da Dilma na camiseta, em oposição à multidão com adesivos de Aécio sempre me medindo com olhar de fogo, e uma senhora se aproximou de mim para dizer "somos minoria né? um motorista com adesivos de Aécio colidiu em meu carro adesivado no sentido contrário, mas anotei a placa, sou desembargadora e vou atrás dele".

Apesar da carteirada que a senhora sinalizou, a compreendo. É um climão inacreditável por aqui, e em muitos lugares bacanas pelo Brasil. Nos mais simples, provavelmente não.

Do ponto de vista prático, efetivo e político, a catarse ensaiada para o dia 15 não mudará nada.

Mas do ponto de vista da violência, do barulho, do incômodo, do confronto em ruas (ou em bares, famílias, etc.), a sorte está lançada.

A raiva que a burguesia destila no ar é muito forte, seja a elite propriamente dita, sejam raivosos e preconceituosos de plantão,

A catarse começa hoje em dia pela internet, continua com reação pública como a de há pouco, e termina  sabe-se lá como (bom exemplo será o dia 15, data que algum gaiato escolheu e que milhares de seguidores desse ilustríssimo desconhecido estão em polvorosa).