domingo, 8 de março de 2015

A força da internet e suas redes sociais

Só pode ter sido isso.

Estava calor há pouco, domingo, 8 de março de 2015, a janela estava aberta, e um adolescente da janela do edifício da frente pegou uma panela e uma colher e começou a zoada.

Não entendi nada, mas desprezei o moleque mal educado, e como estava de saída desci ao térreo para ir à padaria.

Na portaria vi que já se formava uma sinfonia de colheradas em panelas, gritos histéricos e até fogos de artifício. O solícito porteiro Toninho perguntou "o senhor sabe o que é isso? acho que são jovens de bloco como de Carnaval; ou então alguma mobilização de bobalhões pela internet, ou algo assim".

No caminho para a padaria passei por duas moças bastante bem apanhadas e já acima dos 30, que berravam rumo ao nada "fora Dilma!", me assustando e de certa forma as constrangendo ao me perceberem. Outros gritos e palavrões vinham das janelas. Aí saquei o que ocorreu. A barulheira rolava durante pronunciamento de Dilma na mídia.

E Toninho estava certo. Uma parada dessas só foi possível provavelmente por causa do Facebook. Como não uso, não soube disso.

Mas de qualquer forma sei que para dia 15 próximo estão previstas mobilizações localizadas, também no estilo "fora Dilma".

Tenho sentido violência no ar, aqui em meu bairro chique desta metrópole, capital do estado de São Paulo, o mais importante, e talvez mais preconceituoso e conservador do Brasil.

Lembro no dia do 2º turno que almoçava em restaurante de bacana com um adesivo da Dilma na camiseta, em oposição à multidão com adesivos de Aécio sempre me medindo com olhar de fogo, e uma senhora se aproximou de mim para dizer "somos minoria né? um motorista com adesivos de Aécio colidiu em meu carro adesivado no sentido contrário, mas anotei a placa, sou desembargadora e vou atrás dele".

Apesar da carteirada que a senhora sinalizou, a compreendo. É um climão inacreditável por aqui, e em muitos lugares bacanas pelo Brasil. Nos mais simples, provavelmente não.

Do ponto de vista prático, efetivo e político, a catarse ensaiada para o dia 15 não mudará nada.

Mas do ponto de vista da violência, do barulho, do incômodo, do confronto em ruas (ou em bares, famílias, etc.), a sorte está lançada.

A raiva que a burguesia destila no ar é muito forte, seja a elite propriamente dita, sejam raivosos e preconceituosos de plantão,

A catarse começa hoje em dia pela internet, continua com reação pública como a de há pouco, e termina  sabe-se lá como (bom exemplo será o dia 15, data que algum gaiato escolheu e que milhares de seguidores desse ilustríssimo desconhecido estão em polvorosa).

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