quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sobre deuses e demônios

Ontem o ministro presidente do STF Joaquim Barbosa presidiu sua última sessão na instância máxima do poder judiciário nacional.

Ele não precisaria se aposentar, poderia ficar até os 70 anos de idade mas preferiu sair aos 59. Estão todos lamentando, num luto desnecessário, dizendo que vai fazer falta, que o Brasil perde, etc.

Esse cara é muito endeusado. Não concordo com isso. Os competentes não deveriam ser endeusados, e sim os incompetentes demonizados.

Quem faz as coisas com esmero e coerência faz o que deveria ser normal, a obrigação de cada um. Barbosa errou certos pareceres de acordo com especialistas, mas no bojo de sua obra foi um cara bastante competente.

Fazer coisas com desdém, de forma incompetente, é um tremendo desrespeito à família, aos amigos, aos patrões, aos conhecidos, à população, a todos com quem se convive ou a quem se influencia.  

Por incompetência não se deve entender falta de vocação. Na falta de vocação o mais honesto é deixar a tarefa para alguém vocacionado.

Mas se propor por qualquer motivo a fazer uma coisa e fazer mal feito, de forma incompetente, é uma descompostura. Isso deveria ser demonizado.

Ser competente na profissão, fazer o que deveria ser feito, e fazê-lo bem, é obrigação, não deveria ser alvo de endeusamento.

A mídia e a média da população endeusam demais Joaquim Barbosa, basta ver os comentários nos bate-papos diversos, as capas de revista, as manchetes de jornal.

É um cara genial em sua biografia, e ponto. É um cara genioso em sua atividade profissional que tanto requer sobriedade. Reticências...

Além da obrigação de ser competente, Barbosa brigou com colegas ministros absolutamente sem necessidade, os ofendeu às vezes gravemente, bateu boca com jornalistas, humilhou magistrados em reuniões.

Se os colegas remanescentes do STF fizerem seu papel de serem competentes em suas profissões, Barbosa não fará qualquer falta.

Se não forem tais ministros competentes, que sejam então demonizados.

Mas chega de puxar o saco de Joaquinzão, chega de frescura!

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