sábado, 22 de fevereiro de 2014

Bolsonaro, Feliciano e a burca da alma

Estive há um tempo num país cuja religião predominante é o islamismo, e portanto mulheres vestindo véus e burcas são algo comum. O objetivo da vestimenta é literalmente esconder cabelo ou mesmo todo o corpo da mulher. Do ponto de vista de quem está acostumado com a cultura de países ocidentais, ver alguém de burca causa certa espécie.
 
Mas gostaria que houvesse uma burca para a alma, e aí me disporia para fazer todas as gestões possíveis para que os deputados Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Marco Feliciano (PSC-SP) vestissem o aparato, e assim suas almas estariam devidamente escondidinhas.
 
O dicionário define a palavra alma, filosoficamente, em três grupos: o centro de afetos, de paixões; a consciência; e tudo o que dá vigor, força, expressão.

Já pensou, tudo isso aí desses caras devidamente escondido, nada do que temos visto deles à mostra? Mas infelizmente a realidade está bem distante disso. Ao contrário, para a tristeza dos que buscam a paz, ambos estão bastante serelepes.

Bolsonaro postulava até a última 3ª feira, dia 18, a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Outros partidos, e o dele próprio, parecem não terem gostado muito da ideia, mas ele insistia.

A ideia de jerico, equivalente a deixar lobo tomando conta dos cordeiros ou macacos vigiando bananas, teve incentivo de Feliciano e da infame bancada evangélica (expressão do retrocesso desejoso de misturar religião com política). 

Feliciano é aquele estropício que entre outras asneiras disse que aids é o câncer gay e que os africanos são descendência amaldiçoada de Noé (sic). De que fonte esse indivíduo veio podemos não saber, mas se alguém é amaldiçoado nessa história, é o acusador brasileiro, não os africanos.

Bolsonaro é uma coisa não menos bizarra, talvez até pior, com suas declarações fascistas e discriminatórias contra tudo quanto é gente, e uma definição na página do Wikipedia com um histórico de posturas de fazer inveja a Hitler e Mussolini juntos.

Não tendo mais nenhum desses dois deputados presidindo a comissão, eles já prometeram que vão querer ser membros. Por que será que justamente esses dois ultra-conservadores, racistas, agressivos e homofóbicos desejam "trabalhar" (pena que aspas são só um par mesmo...) com direitos humanos? Talvez estejam motivados em salvaguardar moral e bons costumes, essa dupla conceitual que talvez seja a mais subjetiva, oca e discutível do mundo.

Infelizmente, o posicionamento de ambos conta com a simpatia de muita gente legal e esclarecida. Prefiro porém ficar do lado dos que protestam contra esses caras, inclusive artistas e intelectuais que mostram a cara contra eles.

Enquanto a burca da alma não é confeccionada, quem desejar pode se posicionar criticamente contra a intolerância, a agressividade, o sectarismo. Como Bolsonaro ainda deve lutar pela presidência da Comissão, uma petição comunitária pela internet se opondo à ideia ainda está em curso (página interessante e com boa adesão, já assinei).

Nenhum comentário:

Postar um comentário