sábado, 4 de outubro de 2014

Covardes e furiosos

Estavam assim no último debate do primeiro turno na TV Globo os candidatos Aécio Neves, Levy Fidelix e "Pastor" Everaldo. Covardes e furiosos.

Os demais participantes eram três mulheres sérias e centradas, Marina Silva, Dilma Roussef e Luciana Genro, além do candidato gente boa do PV Eduardo Jorge.

Mas os três covardes e furiosos estavam com sangue nos olhos.

Aécio, que sempre tem sorriso cínico no rosto, tirou o sorriso para colocar o dedo em riste em cima de Luciana Genro, só porque foi questionado por ela sobre suas (inúmeras) contradições. Foi devidamente admoestado por Luciana para baixar a bola.

Levy, após ter sido confrontado por Eduardo e Luciana quanto à sua homofobia inaceitável, tentou induzir os incautos a acharem que eram ambos a favor da disseminação das drogas, e de serem contra a família, a moral e os bons costumes - seja lá o que significar esse conjunto de palavras vazias e subjetivas.

E Everaldo, que para minha desgraça se intitula como "evangélico" (assim como tantos outros malafaias e felicianos por aí), teve a pachorra de ir até o debate só para atacar Dilma sem ela ter o direito de responder - e o pior, batendo bola difamatório infantilóide com Levy e Aécio.

Aliás, em dado momento foram Aécio e Everaldo advertidos pelo mediador a pararem uma palhaçada lá e começarem de novo com mais compostura - e a resposta de ambos e da plateia foi dar risadinhas; totalmente sem jeito, ambos tentaram obedecer as ordens infelizmente necessárias do tutor desses bobalhões.

Tenho vergonha de ser chamado evangélico com tanta gente alienada votando em Everaldo por conta do título que espertamente ele coloca à frente de seu nome, e a vergonha se estende por saber que a séria e bem intencionada Marina cede suas convicções às pressões de Malafaia, que talvez seja o que há de pior entre os religiosos midiáticos, por conta de sua incrível influência e de seus ódios inexplicáveis.

Tenho grande tristeza de tanta gente boa próxima a mim votar em Aécio, playboyzão que curte a vida adoidado, que ri do que não tem graça, mas que revela destempero totalmente incompatível com quem quer ser presidente (temperamento falho muito fácil de identificar, bastando olhar suas ironias, seus blefes, suas induções, seu dedo em riste, sua cara-de-pau ao não assoprar no bafômetro quando flagrado ao volante, sua molecagem ao ficar andando de cavalo em haras em pleno expediente no Senado).

Há três mulheres sérias, problemas à parte, não são covardes nem fanfarronas. E há Eduardo Jorge.

Infelizmente, os  covardes e furiosos, cada um por motivos bizarramente diferentes, auferirão milhões de votos. Um deles, pelo o que se vê nas pesquisas de hoje, pode até ir ao segundo turno.

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