terça-feira, 24 de janeiro de 2017

João quer ser Gisele!

Parece que João Dória Jr., prefeito recém empossado da cidade de São Paulo, quer ser Gisele Bundchen, mega modelo que dispensa qualquer apresentação adicional. 

Gisele se destaca pelo simples fato de existir, de aparecer, de se mostrar. Atrai olhares óbvios, devido a exuberância de seu charme e de sua elegância perfeita.

Dória aparentemente que ir na mesma vibe. Quer aparecer, aparecer... Destilar sua vaidade incontrolável!

No primeiro dia de mandato, ele que é um ricaço da aristocracia paulistana, se vestiu de gari, se enturmou com a galerinha humilde que é gari de verdade, e se deixou fotografar à exaustão, empunhando uma vassoura que inevitavelmente remetia ao loucaço de pedra Jânio Quadros.

Detalhe: João Dória houvera customizado a indumentária fantasiosa no estilista Ricardo Almeida, simplesmente o nome mais notório do país em termos de moda masculina.

Uns dirão "ele fez isso com dinheiro dele!". Sim, deve ter feito mesmo, claro. João é super rico. Seria muito burro usar verba da municipalidade prá customizar uma farda de gari paulistano em seu corpinho quase sexagenário porém em ótimas condições. 

Depois disso Dória já se travestiu de pintor, jardineiro e mestre de canteiro de obras.

Há poucas horas, de uniforme e escudado por seus asseclas, pintou em vários tons de cinza o maior mural grafitado a céu aberto da América Latina - mais de 5 km de muros ladeando parte da avenida 23 de Maio, que liga a metrópole de Norte a Sul.

Tudo muito bem coberto por flashes da mídia, claro. Caso contrário, prá que esse teatro todo?

Collor foi assim! Deixou-se fotografar em jetski, em caça da FAB, em caminhadas, em ternos cortados à perfeição. E não governou nada! Só se exibiu prá caramba, brigou com a própria familia, inimizou de tudo e todos, e esbravejou na TV. Mais nada.

João Dória chama todos os holofotes para si. Ou será um grande prefeito, ou será uma falácia, uma vergonha. O meio termo não é lugar do mauricinho bom de papo.

Jânio, Maluf e Pitta foram absolutamente pífios na prefeitura de São Paulo.

Erundina chamou atenção aos pobres e à dignidade que todos tem que ter (por exemplo, interrompeu a varrição sistemática e irracional da chiquérrima rua Oscar Freire - rua varrida 27 vezes todos os dias) e realocou recursos.

Marta criou duas revoluções sociais indiscutíveis, o CEU e o bilhete único.

Kassab e sua Cidade Limpa, limparam a poluição visual de anúncios e propagandas horrorosos em edifícios, e de quebra fechou todos os postos de combustível de araque, os chamados bandeira branca.

Haddad espalhou centenas de km de ciclovias onde dava e onde não dava, e baixou velocidade regulamentar de vias expressas e locais, reduzindo drasticamente acidentes e consequentes mortes e trânsito decorrentes dos acidentes.

E João, que legado deixará?

O de um gestor revolucionário e realizador?

Ou o de uma decepção, um cara vaidoso e sem noção, que aumentou a velocidade regulamentar das marginais dos grandes rios da cidade, apesar da sequência de 19 meses sem qualquer atropelamento em tais vias, devidamente normatizados pela regulamentação de velocidade mais baixa?

Um xenófobo, racista e homofóbico, é o cara mais poderoso do mundo, Donald Trump, recém empossado presidente dos EUA. 

Assim como Donald Trump, João Dória é rico, topetudo, e apresentador do reality show de sucesso O Aprendiz. Além disso, é vendedor de um triunfalismo personalista que pouco se vê por aí. 

A analogia é simplesmente assustadora. 

Que João seja menos Jânio, Maluf, Pitta, Collor e Trump. Que seja mais Erundina, Marta, Kassab e Haddad.

E que para contribuir com nossa paciência, que seja menos Gisele!

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