terça-feira, 11 de dezembro de 2018

A declaração, o diploma e o palhaço.

Neste dia 10 de dezembro de 2018 o mundo celebrou os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Essa declaração é uma peça de rara felicidade, tão profunda quanto óbvia.

A DUDH infelizmente precisou ser adotada pela ONU em 10 de dezembro de 1948, devido à então recente barbárie da Segunda Guerra Mundial, com o intuito de construir um mundo sob novos alicerces básicos humanos ideológicos.

Neste mesmo dia 10 foi diplomado pelo TSE (ou seja, formalmente reconhecido) o presidente eleito desta bagaça para o quadriênio 2019-2022, Jair Bolsonaro.

Com 63 anos de idade, natural de Campinas/SP, morando há cerca de 30 anos no Rio de Janeiro, Bolsonaro na campanha presidencial vitoriosa deste ano de 2018 afirmou:

- que as minorias deveriam se adequar às maiorias ou simplesmente desaparecerem

- que iria acabar com todo tipo de ativismo

- que seus opositores deveriam ser exterminados, alguns dias após ter sido mais enfático ao propor que fossem metralhados

- que se a lei penal não funcionar (talvez sob sua própria ótica de funcionamento), seria legítima a atuação de grupos de extermínio e milícias  

- na Rádio Jovem Pan, que não tem preocupação com construção de presídios, e sim que a população carcerária aumente empilhando-se um preso em cima do outro

- que comunidades quilombolas não faziam nada na vida, que pesavam muitas arrobas, e nem sequer serviam para procriar

-  que feminicídio era “mimimi” (nota: de acordo com a conceituada revista Exame, o Brasil é o 5º país do mundo em que mais se mata mulheres)

- que após ter 3 filhos homens, ele teve uma filha mulher por conta de uma fraquejada

- no Roda Viva da TV Cultura que FHC deveria ser assassinado, e que José Gregori (renomado jurista e ex ministro da justiça de FHC) nem sequer mereceria ser assassinado por ele

- no mesmo programa de TV, que seu livro de cabeceira era de autoria de Brilhante Ulstra, célebre militar torturador

Alguns anos antes, portanto tendo 50 e tantos de idade, ele havia dito:

- que seu imóvel funcional de deputado federal ele usava para comer gente

- na cara da repórter que a confrontou por ele ter um imóvel próprio e ainda usar o funcional na mesma cidade, que ela era uma idiota

- a uma colega deputada que o insultou, que ela era uma vagabunda, e que não a estupraria porque achava ela feia; o então deputado chegou a colocar a mão no peito dela, em um sinal que poderia rolar agressão física

E alguns anos antes ainda, ou seja, aos 40 e tantos anos de idade (nenhuma criança portanto) ele afirmou:

- que era sonegador contumaz e consciente de impostos

- que era a favor da dissolução do Congresso, pois não acreditava na efetividade do voto popular

- que era a favor da tortura como método policialesco repressivo

- que as mortes da ditadura brasileira de 1964 eram pouco, e que desejava 30 mil mortes (registros históricos dão conta de 1500 mortes nos anos de chumbo no país; a chamada comissão da verdade concordou em pelo menos 434)

Todas essas declarações acima feitas por Bolsonaro estão na imprensa, disponível e de fácil acesso  

Bem, este senhor foi diplomado presidente do Brasil exatamente no dia dos 70 anos anos da DUDH.

Ah, dia 10 de dezembro é também o dia internacional do palhaço.

Qualquer semelhança do senhor Jair com esta data, e divergência com aquela, não é mera coincidência.

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